Ervilha da variedade Pisum sativum utilizada por Mendel em seus experimentos |
O trabalho de Mendel durou cerca de 8 anos. Durante esse tempo, ele polinizou as plantas com cuidado, separou as sementes, para plantá-las separadamente, e analisou as gerações sucessivas. Os precursores da ciência que hoje conhecemos pelo nome de genética possuíam recursos científicos e tecnológicos muito simples.
Os experimentos de Mendel
Em um de seus experimentos, Mendel cruzou duas plantas de linhagem pura, uma com sementes amarelas e outra com sementes verdes. O monge verificou, então, que todos os descendentes eram idênticos a um dos genitores. No caso, o traço fenotípico de um dos genitores não se expressava: todos os descendentes da primeira geração possuíam sementes amarelas. Mendel chamou de dominante a característica que aparecia na geração F1 e derecessiva a característica que não se expressava.
Mas Mendel cruzou os indivíduos da geração F1 entre si e obteve plantas, na geração F2, com a característica dominante (sementes amarelas) e com a característica recessiva (sementes verdes), na proporção de 3:1. Ou seja, 75% das plantas da geração F2 tinham sementes amarelas e 25% tinham sementes verdes. Com esses resultados, Mendel concluiu que a característica recessiva não desaparecia na primeira geração, mas apenas ficava escondida.
De acordo com Mendel, as características hereditárias são condicionadas por pares de fatores hereditários. Hoje em dia, tais fatores são conhecidos comogenes. As plantas puras são portadoras de apenas um tipo de fator (VV ou vv). As plantas híbridas são portadoras de um fator dominante e de um recessivo (Vv).
Leis de Mendel
Ao estudar a herança de duas ou mais características combinadas (como, por exemplo, a cor e a forma das sementes), Mendel formulou a segunda lei ou lei da segregação independente dos fatores, que diz: os alelos de dois ou mais genes de um indivíduo segregam-se independentemente, combinando-se ao acaso nos gametas.
O trabalho de Mendel ficou caído no esquecimento até o ano de 1900, quando foi redescoberto e confirmado por três diferentes cientistas - um holandês, um alemão e um austríaco -, que trabalhavam independentemente, com plantas diferentes. Eles descobriram os trabalhos de Mendel ao revisarem a literatura, antes de publicarem seus próprios resultados. Cada um dos pesquisadores anunciou as descobertas desse monge e ajudou a expandir os conhecimentos sobre as leis de Mendel.
Darwin e a hereditariedade
Em uma carta escrita, em 1866, a seu amigo Alfred Wallace, também naturalista, Darwin afirma: "Eu não acho que você entenda o que eu quero dizer pela falta de mistura de certas variedades. Isto não se refere à fertilidade; um exemplo irá explicar. Eu cruzei duas variedades de ervilhas de cheiro que são muito diferentes com relação à cor, e obtive, até mesmo da mesma vagem, as mesmas variedades perfeitas, mas nenhum intermediário. Algo deste tipo, eu devo pensar, deve ocorrer pelo menos com suas borboletas e as três formas deLythrum; embora estes casos sejam aparentemente tão maravilhosos, eu não sei se eles são mais como qualquer fêmea no mundo produzindo descendentes machos e fêmeas distintos".
A carta é uma das provas do interesse de Darwin pela questão da hereditariedade. Em A origem das espécies, ele já havia concluído que as espécies evoluem por um processo de seleção natural - ou, como disse seu amigo Wallace, pela sobrevivência dos mais adaptados em um dado ambiente.
Apesar de seus estudos sobre hereditariedade, Darwin não conseguiu explicar de que maneira agia a seleção natural. Mas, com o passar do tempo, o crescente entendimento sobre a genética e a recuperação das leis de Mendel explicaram como a seleção natural podia trabalhar e ajudaram a dar suporte à teoria de Darwin.
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