quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Português: Análise e interpretação de textos

Para analisar e interpretar textos é preciso saber ler. Mas, como aprender a ler? Lendo. Alguém que deseje aprender a nadar terá de, inevitavelmente, entrar na água. O mesmo ocorre com a formação de um leitor: se ele não se dedicar ao exercício da leitura, debruçando-se sobre poemas, notícias e crônicas de jornal, romances, ensaios etc., jamais aprenderá a ler.


Mas a verdadeira leitura pressupõe compreensão. Não basta passar os olhos sobre as palavras, mas é preciso entender o significado delas - ou, pelo menos, aproximar-se do que o autor pretende transmitir. E, depois, para realmente analisar o objeto da nossa leitura, devemos proceder à identificação das características, dos atributos, das propriedades do texto.


Textos denotativos - um ensaio, uma dissertação, uma notícia ou reportagem - são escritos em linguagem conceitual. Esse tipo de texto - racional, que se apoia em conceitos, leis, princípios ou normas - pede do leitor uma postura objetiva.


Já os textos conotativos - a poesia e os gêneros de ficção, incluindo algumas crônicas - exigem de nós uma postura subjetiva, pois são escritos em linguagem poética. Ou seja, são textos que exploram aquele conjunto de alterações ou de ampliações que uma palavra pode agregar ao seu sentido literal (ou denotativo). Os meios para se alcançar esse tipo de expressão envolvem as diversas figuras de linguagem, a criação de personagens e uma infinidade de associações entre os vocábulos, criando, muitas vezes, um mundo à parte.


Para esses dois tipos de textos podemos estabelecer algumas regras gerais de leitura:


1. Cada novo texto é, também, um novo universo. Para apreender o que o autor pretende transmitir, devemos estar abertos ao novo. Então, antes de iniciar a leitura, procure esquecer o que lhe disseram sobre o autor - as críticas e os elogios -, e aproxime-se do texto sem preconceitos.


2. Se for um texto curto - artigo, notícia, crônica, conto, etc. -, leia-o integralmente, procurando captar o seu sentido geral, e só depois, reiniciando a leitura, proceda assim:
a) procure, no dicionário, cada uma das palavras desconhecidas ou cujo sentido lhe pareça estranho, duvidoso.
b) sublinhe ou circule, em cada parágrafo, a frase que expressa a ideia central daquele trecho.
c) faça anotações nas margens do texto, mas de maneira que elas expressem o seu pensamento, as suas interrogações, as suas concordâncias ou discordâncias, relacionando o texto às suas vivências pessoais e a outras leituras que você, porventura, tenha feito.


3. Se o texto for longo - romance, ensaio, tese, peça de teatro etc. - siga os passos acima, mas desde o primeiro momento da leitura.


4. Não tenha preguiça. A leitura exige, muitas vezes, que voltemos ao início do texto ou do capítulo, que retrocedamos alguns parágrafos, a fim de retomar certa ideia ou rever o comportamento, a fala de uma personagem.


5. À medida que você decodifica as palavras, procure relacioná-las com o todo. Ou seja, compreenda as palavras dentro do contexto (o conjunto de frases, o encadeamento do discurso).


6. Enquanto lê, estabeleça um duplo diálogo: com o autor e com você mesmo.


7. Quando o texto usar a linguagem conceitual, não faça uma leitura tímida: imagine-se concordando e, também, discordando das ideias expostas. Coloque-se no papel de defensor e de opositor. Depois, forme seu próprio julgamento.



8. Quando o texto utilizar a linguagem poética, imagine a cena, coloque-se no lugar das personagens. Muitas vezes, poemas e textos de ficção tratam de realidades completamente diferentes da nossa, o que exige uma leitura sem preconceitos. Não tenha receio: entre os gregos, transforme-se em grego.



9. Não seja um leitor crédulo, não acredite com facilidade em tudo que lê. Num texto conceitual, seja implacável com a argumentação do autor: ele realmente convenceu você? Quais as partes frágeis do texto? Quais as qualidades? Aja da mesma forma em relação ao texto poético: o enredo convenceu você? A história é verossímil (transmite a impressão de verdade) ou imperfeita, defeituosa? O bom leitor nunca é ingênuo.



10. Numa prova, não se esqueça:
a) leia o texto com calma, duas ou três vezes;
b) a cada questão, retorne ao texto e esclareça suas dúvidas;
c) esteja atento ao enunciado da questão, pois, muitas vezes, ele exigirá que você leia não só o trecho citado, mas um ou mais parágrafos.
d) muitas vezes, a resposta correta não corresponde exatamente ao que está no texto, mas apenas se aproxima do sentido geral.

Tiririca é o mais votado nos presídios de São Paulo

O humorista Francisco Everardo Oliveira Silva (PR-SP), o Tiririca, foi o candidato a deputado federal mais votado pelos presos provisórios que foram às urnas instaladas em 28 presídios do Estado de São Paulo no primeiro turno das eleições.
Ao todo, 1.464 detentos provisórios --aqueles que cumprem decisões de prisão temporária ou preventiva, ou têm direito a recursos-- votaram no dia 3 de outubro.

Tiririca, o campeão de votos no Estado --foi escolhido por mais de 1,3 milhão de pessoas--, obteve 122 votos nas penitenciárias paulistas.
Ontem Tiririca foi notificado para se defender na ação penal na qual foi acusado de falsificar um documento entregue à Justiça Eleitoral em que declarou que é alfabetizado. O prazo para apresentar a defesa é de dez dias.

O juiz responsável pelo processo, Aloísio Silveira, informou ontem que esse tipo de ação não resulta na cassação imediata da posse do candidato eleito.
Para a Assembleia Legislativa, a mais votada nas urnas dos presídios paulistas foi Vivi Fernandes (PMDB), que conseguiu 51 votos ao todo.

Marta Suplicy (PT), Netinho (PC do B) e Aloysio Nunes (PSDB) lideraram a disputa para o Senado entre os detentos, com 563, 553 e 329 votos, respectivamente.
Para o governo de SP, os mais votados foram Aloizio Mercadante, do PT, com 824 votos, Geraldo Alckmin, do PSDB, escolhido por 278 detentos, além de Fábio Feldman (PV) com 68 votos, Celso Russomano (PP), com 56, e Paulo Skaf (PSB), com 45.

Na eleição para a Presidência, Dilma Rousseff (PT), obteve 858 votos, Marina Silva (PV), 292, e José Serra (PSDB), 191 votos.
O candidato a deputado federal Ney Santos (PSC), que foi acusado pela polícia de ligação com a facção criminosa PCC, conseguiu apenas dois votos nos presídios.
A implantação de seções eleitorais nas penitenciárias foi inédita em São Paulo e na maioria dos Estados do país.

Desde 1988 a Constituição permite que presos provisórios exerçam o direito ao voto, mas poucos Tribunais Regionais Eleitorais já haviam viabilizado a votação entre os detentos. Em 2010 o Tribunal Superior Eleitoral aprovou uma resolução determinando que as cortes regionais instalassem as urnas nas penitenciárias.


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